segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Terei misericórdia de quem Eu quiser - C. H. Spurgeon




“Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão”. Romanos 9:15

A partir destas palavras deduzimos que o Senhor pode e tem o pleno direito de dar e retirar a sua misericórdia em conformidade com a Sua espontânea vontade. Os homens obrigam, Deus dá a quem entende que vai usar da Sua misericórdia para se arrepender e não para se corromper. Tal como o livre arbítrio dum monarca sobre a vida de todos os seus súbitos, assim faz Deus também, condenando e absolvendo todos os que são ou culpados ou inocentes a Seus olhos, mediante a Suas leis.

Os homens, pelos seus pecados excluíram-se da Sua graça e Boa-vontade. Merecem perecer. No inferno não terão porque se queixar do caminho que escolheram – era o que queriam, foi aquilo que escolheram! Se por acaso o Senhor sair do Seu caminho para salvar alguns perdidos, Ele pode fazê-lo desde que nunca comprometa as Suas próprias leis de justiça eterna. Se por acaso entender que deve deixar as pessoas perecer, é em conformidade com aquilo que estas merecem – nada demais do que aquilo que já têm sobre si, isto é, culpa eterna diante de Deus. Caso Deus deixe os culpados seguirem em seus caminhos de condenação voluntária, estará exercendo apenas Seus direitos de Justo Juiz. Se um Juiz terreno aplica uma qualquer sentença justa, nenhum homem porá objecções a tal feito.

A misericórdia aufere o direito, também, de interferir na vida particular de quem é culpado para que se dê tempo para se transformar quem ainda pode vir a sê-lo. A interferência é justa também. Mas tolos serão todos aqueles que põem os homens sob a mesma tutela condenatória. Ignorantes são todos aqueles que discriminam e argumentam sobre a aplicação da graça, pois é da vontade de Deus que todos os homens se salvem. Devem ser tidos como mais que ignorantes até, pois, fala assim quem não quer salvar para se usar de falatórios sobre Deus para proveito próprio. As suas contendas não estão apenas viradas para quem tem doutrinas, mas sim contra o Deus de toda a misericórdia. Mas é de esperar que, quando vemos a nossa ruína intransigente, neste malogrado deserto que é a vida de quem vive longe das fontes de água – da vida eterna cá na terra e não só – saibamos também que Deus não tem nenhuma obrigação para connosco a não ser pela misericórdia. Quando murmurarmos apenas porque Ele escolhe outros, porque não escolhemos antes salvar-nos desta perversa geração para alcançarmos misericórdia desse jeito?

Se Ele escolher um sítio, uma congregação onde começar a trabalhar para a salvação de muitos mais, tratar-se-á apenas dum simples acto de bondade sobre o qual nenhum ser humano tem direito e o qual Deus tem o direito e livre arbítrio de dar e conceder a quem quer, como quer e a Seu devido tempo. Daí extrai louvor e glória de todos os Seus, pois sabem que nunca buscariam Deus por eles, sem intervenção Sua. Imagine-se o tamanho do pecado de quem ainda assim rejeita esta graça! Não existe, porém, doutrina mais humilhante para um pecador que esta de ele não ter como se salvar sem Deus. Os crentes nunca devem temer, mas enaltecer esta graça divina, pois humilha quem será exaltado pela mesma acima nos céus, promovendo gratidão sem fim, santidade porque não podem nunca pensar que são escolhidos em detrimento de outros, mas sim pela bondade de Deus apenas. Poderiam estar a fritar no inferno e não estão, sendo pessoas de igual culpa, de igual pecado.

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