terça-feira, 18 de junho de 2013

*O Líder Que Deus Usa / Russell P.Shedd





O LÍDER QUE DEUS USA

Liderança faz a diferença, por sinal uma grande diferença, pois ela oferece direção, molda o caráter e cria oportunidades. Os efeitos da liderança começam no nascimento, mas não deixam de existir com a morte. Os pais nutrem uma pequena vida em direção a um destino, embutindo valores, alvos e objetivos. Mesmo ainda jovem em maturidade, uma forma especial de potencial é despertada em alguns. Juntamente com os genes, paternos e maternos, e a formação vêm as escolhas de Deus: alguns homens e mulheres são destinados a liderar e influenciar outros. Aqueles que Deus separa para liderar desfrutam tanto os privilégios quanto as responsabilidades. Suas influências, extensivas e efetivas, sobre outras pessoas os distinguem dos seguidores. A liderança de alta qualidade será encontrada entre os mais valiosos tesouros que qualquer comunidade ou organização possui. A liderança de baixa qualidade, ao contrário, produz um desperdício trágico e uma frustração caótica. Líderes de Deus estão sempre em falta.
Muitas pessoas mantêm a opinião que líderes nascem com um talento especial para a direção de outros. Eles são presentes de Deus para a sua igreja. Outra opinião é mantida de que líderes são feitos e moldados pela educação, experiência e circunstâncias. As oportunidades favoráveis que surgem em alguns ambientes e situações formam a prova máxima, na qual líderes adquirem seus incentivos e oportunidades. A melhor explicação une elementos das duas teorias. Deus escolhe e molda o caráter dos homens e das mulheres que ele quer para liderar seu povo, tanto pelo nascimento como pela oportunidade.

Algumas pessoas têm um talento administrativo. Naturalmente, elas almejam a liderança. A influência e o controle lhes dão uma sensação de importância. Já que cada pessoa tem uma necessidade natural de se sentir valorizada e querida, os líderes tendem a ser invejados. Contudo, seguidores devem saber que alguns líderes talentosos são uma ameaça. O caráter do líder e a qualidade de sua liderança fazem uma grande diferença no progresso e bem-estar de um grupo.


Não há discussão quanto a importância da liderança. Basta apenas pensarmos em uma sala de aula sem um professor ou professora. Através da história, Deus tem escolhido líderes que ele tem usado para dirigir e preservar seu povo. Uma comunidade sem liderança é como um corpo sem uma cabeça, ou um barco sem um leme. No momento em que a falta de liderança surge, uma organização tende a seguir alguém, ou então, se dispersar. Jesus lamentou a falta de propósito da vida de seus contemporâneos. Ele os comparou as ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36). A tendência de um grupo sem um diretor é questionar a sua existência. Como uma flor fora do tempo, sua tendência natural é murchar e desaparecer. Onde estavam o homem ou a mulher que Deus poderia ter usado para liderar seu povo?


Dr. Anthony d'Souza, sócio-diretor da Xavier Institute of Manage­ment em Bombain na Índia, definiu liderança como: "a habilidade de controlar, gerenciar e alcançar determinados alvos por meio de pessoas". Não existe nenhuma menção de valores éticos nessa definição. Adolph Hitler levantou-se do grau de soldados comuns, e "pintor de casas", para tornar-se um dos mais poderosos homens da história. Em apenas seis anos o Fuehrer reanimou o potencial alemão, unindo seu povo e colocando expectativas tão eficientes que a "máquina-de-guerra” alemã conquistou muito da Europa e ameaçou o mundo. Nenhum cristão poderia imitar seu estilo perverso de liderança, nem seus objetivos pecaminosos. Pelo contrário, quando um líder toma as rédeas de uma nação inteira, e a direciona para fins justos, ele abençoa qualquer povo. A liderança poderosa precisa, então, procurar o benefício de todas as pessoas sobre as quais ela mantém influência. Esta é a forma pela qual homens de Deus são usados por ele e o glorificam.


John Haggai vê liderança como: "A disciplina de deliberadamente exercer influência dentro de um grupo para levá-lo a alvos de benefício permanente, que satisfaz as necessidades do grupo". Esse pensamento se encaixa bem com a perspectiva de Jesus e dos autores do Novo Testamento. O Reino precisa ser procurado e seus alvos seguidos. Aqueles que assumem a liderança abençoam e agradam seu Senhor.


Liderança cristã, mais do que outra qualquer, precisa escolher objetivos que são coerentes com a vontade e lei de Deus. A liderança positiva precisa ser exercida por um homem ou uma mulher que conheça a Deus e inclua os alvos dele. As prioridades do líder precisam ser prioridades bíblicas. Suas qualidades precisam ser aquelas que lhe dêem o nome de amigo de Deus (]o 15.15) e de cooperador com ele (lCo 3.9). Como Paulo, sua ambição única será agradar a Deus (2Co 5.9). O apóstolo sabia que tinha sido escolhido por Deus para liderar outros, mesmo antes de seu nascimento (Gl.1.15). Deus lhe deu a responsabilidade de influenciar permanentemente outras pessoas para a glória dele.


Nosso alvo neste livro é refletir nos componentes essenciais da liderança bíblica. Por que ela é tão importante? Por que Deus escolhe líderes eficientes, em vez de pessoas sem qualificações? A quem deve ser dado o privilégio e a responsabilidade para liderar e controlar outras pessoas? Como pode a eficiência de um líder ser prognosticada? Como Jesus e os autores bíblicos entendiam a liderança? Qual treinamento é necessário para um líder, e como ele pode melhorar as suas habilidades adquiridas? Se pela leitura desse livro o leitor entender mais claramente as armadilhas e o potencial que uma liderança piedosa oferece, nosso alvo principal terá sido alcançado.


QUE TIPO DE LÍDER DEUS USA?

Quando pensamos em um líder, nosso foco recai sobre alguém "que convence seguidores de que pode resolver seus problemas de uma forma melhor e mais eficaz do que qualquer outra pessoa”. A compreensão do de que consiste a liderança, leva-nos a um indivíduo que reconhece os problemas, as dificuldades e as necessidades de um grupo. Ele ajuda a identificar o que está errado e lidera pessoas no caminho de soluções satisfatórias. Qualquer indivíduo que segue um bom líder vive confiantemente. O otimismo penetra qualquer grupo que é abençoado com uma liderança piedosa.


Um líder convence outras pessoas a segui-lo porque tem respostas e soluções. Ele sabe o caminho a seguir ou, pelo menos, convence seus seguidores de que é competente. Pouca ou nenhuma vantagem pode ser obtida pela elevação de alguém a uma posição de autoridade, se essa pessoa é nitidamente incapaz de convencer o grupo de que pode resolver seus problemas. Visto que um grupo sem líder sente-se instintivamente como se estivesse condenado, ele dará as boas-vindas a qualquer um que estiver disposto a indicar-lhe a saída. Este poderá ser um homem de Deus ou um patife ambicioso, um destruidor, ou alguém que determina o passo ideal. E será tolerado até que apareça um líder mais persuasivo. Esse tipo de líder administra precariamente em sistemas democráticos, mantendo seu poder através do medo e por ameaças. Fidel Castro talvez não tenha melhorado a vida de muitos cubanos, mas tem mostrado como o poder pode ser mantido através da força e do medo.


Para um líder guiar, precisa ter autoridade, tanto quanto um automóvel precisa de um motor para ser dirigido. Se o líder é escolhido desconsiderando-se os critérios de Deus e os valores bíblicos, o grupo e seus propósitos serão postos em perigo. Exemplo claro disso foram as trágicas conseqüências da escolha de Israel, para que Abimeleque reinasse sobre eles (Jz 9). A sua história sórdida demonstra o quão é importante fazer a escolha certa. A Bíblia oferece grandes exemplos de líderes escolhidos por Deus. Suas personalidades foram tão distintas quanto as suas faces e as suas biografias, no entanto, algumas características merecem uma consideração especial. A liderança depende de algumas qualidades e habilidades.


Exemplos Bíblicos de Homens Usados por Deus

José: Um Líder Ideal Moldado em uma Prova Severa de Rejeição


A famosa história bíblica de José apresenta-nos um homem humilde de princípios. O status de filho favorito que José tinha, em vez de fazê-lo orgulhoso e esnobe, despertou-lhe o desejo de viver à altura das expectativas de seus pais. Os sonhos que Deus dava a José convenceram-no não do fato de que de era muito bom para servir outras pessoas mas, ao contrário, de que Deus o tinha escolhido para uma tarefa especial. Quando seus irmãos venderam-no como escravo, em vez de nutrir um espírito de autocomiseração, José manteve sua atitude positiva. Deus duramente testou seus princípios, mas ele não vacilou. Embora a esposa de Potifar tenha tentado repetidamente seduzi-lo, José resistiu às suas investidas por causa de seu caráter bem desenvolvido. Mesmo sendo inocente, seu aprisionamento falhou na indução da ira escondida ou de um espírito vingativo. Enquanto o copeiro de faraó tinha esquecido de apelar por sua causa justa diante do rei, José continuou servindo a Deus, abnegado, na prisão. O desapontamento grosseiro diante da terrível injustiça não provocou nenhuma ferida destrutiva em seu espírito. O sofrimento desmerecido não produziu uma falta de confiança na providência de Deus.


José foi um homem tão incomum, que sua preparação, por Deus, para a liderança, pode ajudar pessoas que aspiram qualquer ministério que influencie outras pessoas. A seguir veremos algumas de suas grandes qualidades, necessárias a líderes bem sucedidos.


Destaca-se um senso de vocação indestrutível. Desde sua infância, José acalentou um senso de destino. A atenção especial do seu pai, intensificada pelos sonhos que José entendera serem dados por Deus, lançou os alicerces da responsabilidade e da maturidade. A vocação, para um cristão, é algo sério porque ele sabe que a vida não é sem propósito. Ele sabe, como José sabia, que Deus marcou a sua vida com um valor distinto. O "chamado" bíblico não concede meramente a uma pessoa o direito de regozijar-se na liberdade de escolha e no auto-desenvolvimento, mas obriga-a a beneficiar outras pessoas. Através do curso da sua vida, José nunca perdeu aquela certeza. Ele pôde confiantemente falar a seus irmãos bajuladores, que temiam por suas vidas após a morte de Jacó: "Não temais; porque, porventura, estou eu em lugar de Deus? Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande" (Gn 50.19-20). Um profundo senso do chamado de Deus para servir outros deve marcar a vida dos líderes.


Deus, depois de moldar seu servo através de muitos sofrimentos e provas, finalmente elevou José à posição de primeiro ministro do Egito. Ele foi tirado das algemas da prisão para exercer autoridade absoluta sobre todo o Egito, ao lado do próprio faraó. Ele não foi motivado pelo poder ilimitado para despejar a vingança sobre seus irmãos invejosos ou da esposa mentirosa de Potifar. Ele chorou diante de seus irmãos enquanto eles pediam seu perdão. A liderança, de acordo com os parâmetros de Deus, não pode ser contaminada com a inveja e o ressentimento.


Examinando mais profundamente a vida de José, um líder escolhido por Deus, podemos ressaltar outras qualidades marcantes, como estrelas brilhando em uma noite sem nuvens. Stogdill sugeriu que perfis psicológicos, em si mesmos, dão pouca indicação do surgimento de um líder capacitado. Porém, em resumo, a vida de José era significativamente caracterizada pelo seguinte perfil:


Primeiro, ter capacidade e potencial indiscutíveis (inteligência, atenção, facilidade de se comunicar, originalidade, julgamento). José demonstrou todas essas qualidades durante sua vida. Ambos, Potifar e o faraó, imediatamente reconheceram em José uma pessoa dotada e incomum. A confiança deles acabou sendo bem fundamentada.


Segundo, realização requer sabedoria, conhecimento e consumação. Ainda que não tenhamos qualquer idéia sobre a formação acadêmica de José, não há dúvida alguma com relação à sua habilidade de administrar o armazenamento da colheita e o seu programa de distribuição.


Terceiro, ter uma responsabilidade irrefutável (confiança, iniciativa, persistência, auto confiança, desejo de vencer). Sem ter dado atenção aos detalhes e a integridade, José raramente poderia ter manejado o imenso e complexo trabalho ordenado pelo faraó.


Quarto, ter uma participação direta (atividade, sociabilidade, cooperação, adaptação). Claramente, José tomou parte no processo de implementação de um programa nacional estabelecido para evitar a fome sobre a nação. A mudança de longos anos em uma prisão para uma alta posição governamental, requer mais do que uma pequena dose de adaptação. A sociabilidade e a cooperação foram o seu pão de cada dia. A participação direta fez com que o programa fosse bem-sucedido.


Quinto, ter um status integrado (posição socioeconômica, popularidade). A popularidade de José em todas as esferas Sociais e econômicas em que Deus o tinha colocado, brilha através das linhas da narrativa de Gênesis. Embora seja verdade que a falta de popularidade entre seus irmãos fosse gerada pela inveja destes, não houve hostilidade alguma da parte de José que encorajasse essa animosidade destes. Obviamente, líderes que carecem popularidade precisam implementar força.


Sexto, estar em uma situação ordenada por Deus (habilidade mental, experiências, necessidades e interesses de seguidores, objetivos para serem alcançados e tarefas para serem realizadas). Durante sua longa vida, José demonstrou uma habilidade incrível de manejar as tarefas a ele apresentadas. Não há sugestão alguma de que ele sentiu-se derrotado completamente pela situação que Deus colocara diante dele.


José ilustra como as circunstâncias e as capacidades para liderar combinam-se na formação de líderes marcantes. Como Stogdill escreveu: "A evidência forte indica que habilidades diferentes de liderança e as peculiaridades são exigidas em situações diferentes. Os comportamentos e as peculiaridades que capacitam um criminoso para ganhar e manter o controle sobre uma quadrilha não são as mesmas que capacitam um líder religioso para formar e manter um grupo de seguidores. Contudo, algumas qualidades gerais como a coragem, a firmeza e a convicção parecem caracterizar ambos"


Notavelmente sociável e articulado, José atraiu atenção, independentemente de sua posição servil, como escravo na casa de Potifar. Que outra razão teria uma pessoa de alta-classe, esposa de um oficial, para seduzi-lo? Sua adaptabilidade brilha durante toda a narrativa de Gênesis. Como um escravo em uma casa, como um prisioneiro na cadeia ou como o primeiro ministro do país, José conduziu as suas responsabilidades naturalmente. Ele deu a impressão de que havia sido especialmente treinado para as diversas atividades que realizara. Sua responsabilidade brilha adiante, como um diamante polido no meio de seixos.


Em todas as tarefas que era obrigado a fazer, ele sempre inspirava confiança. José foi elevado ao topo por causa da peculiaridade de seu caráter. Desse modo é que um líder deve demonstrar sua capacidade. Ele pode confiantemente levar adiante as responsabilidades pesadas pertinentes à liderança.

Sua auto confiança não deve ser entendida como mera segurança de que ele poderá realizar com êxito qualquer exigência que for posta diante dele. José foi mais do que um administrador habilidoso e capacitado. Ele demonstrou em sua conduta que era um homem que tinha completa confiança em Deus. Paulo descreveu essa atitude assim: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13). Um líder piedoso precisa possuir este tipo de atitude, não em si mesmo, mas naquele que é totalmente confiável: Deus. José foi elevado ao topo por causa de qualidades marcantes que um bom líder necessita ter. MOISÉS: UM HOMEM PREPARADO E USADO POR DEUS

O potencial da liderança de Moisés teve origem na criatividade de sua família (Hb 11.23). Quando recusara aceitar o status de neto do Faraó, ele demonstrou firmeza e convicção (v.24). Ele escolheu ser maltratado e alienado, em vez de permanecer no conforto e na segurança do palácio. Moisés expressou sua segurança pessoal de um homem que reconhecera que Deus o tinha separado à parte para uma missão especial (vv. 25,26). Sem medo perante a ira do rei, nem imprudência, demonstrou fé nas promessas de Deus, as quais o mantiveram cativo a Deus e seus propósitos por quarenta anos no deserto. Deus testou a paciência de Moisés severamente, enquanto assistia sua vida mergulhando nas areias do deserto, aparentemente, sem nenhum alvo desafiador ou resultados marcantes que pudessem virar história. Quando Deus, finalmente, o chamara para abandonar o pastoreio das ovelhas do seu sogro, para assumir uma posição ímpar de pastor da nação de Israel e libertar o povo do cativeiro, Moisés tentou escapar dessa responsabilidade. Deus superou sua relutância natural, devido ao seu impedimento de falar, para que, por fim, ele comunicasse bravamente a vontade de Deus ao Faraó, ainda que naquele momento isso pudesse custar sua própria vida.



Moisés demonstrou incríveis qualidades de liderança durante os quarenta anos de jornada pelo deserto. A paciência, a preocupação pela glória de Deus e a perseverança são as qualidades que especialmente se sobressaem. Quase que com a mesma importância foram a sua coragem perante o perigo, a sua criatividade perante a rebeldia e a sua mansidão diante de tribulações. Todos esses elementos de liderança de alta qualidade são manifestos em Moisés. Sua fama, depois de milhares de anos, eleva-o ao nível de um dos mais extraordinários líderes de todos os tempos.


A atual análise de liderança mostra que as excelentes qualidades que Moisés apresentara são tão necessárias hoje quanto elas foram três mil anos atrás. Alguns líderes desenvolvem certos valores de âmbito pessoal. Por exemplo, James J. Cribbin enfatizou a seguinte lista de traços:


A. Desempenho Atual: É a habilidade de desempenhar bem as funções na posição atual que uma pessoa se encontra. Moisés recebeu o melhor treinamento e educação disponível no Egito. Como pastor das ovelhas de Jetro, ele foi completamente confiável.


B. Iniciativa: É a habilidade de ser um "auto-iniciador". Moisés tomou sua posição ao lado dos rejeitados escravos hebreus contra o mestre-de-­obra egípcio que batia em um companheiro hebreu. Caso não tivesse a fibra de um líder, certamente, Moisés não poderia ter escolhido se identificar com os oprimidos e ter assassinado o opressor (Ex 2.12-13).


C. Aceitação: É a habilidade de ganhar respeito e vencer a confiança de outras pessoas. Moisés levantou a questão de aceitação pelos israelitas desde o começo. Ele sabia que quarenta anos passados no deserto do Sinai, tomando conta de ovelhas, não era a experiência que a maioria consideraria como algo essencial à liderança (Ex. 3.11). Deus usara de pragas e da função mediadora de Moisés, infligindo aqueles julgamentos milagrosos, para ganhar o respeito dos egípcios e também o dos israelitas.


D. Comunicação: É a habilidade de articular claramente o propósito e os alvos do grupo. Embora Moisés acreditasse que não tinha eloquência tendo sido afligido com uma "boca pesada” (Ex 4.10) durante o curso de sua vida, ele exibiu uma habilidade de comunicação incomum. A habilidade "de ter acesso" às pessoas em vários níveis precisa fazer parte das funções de um líder. Em várias ocasiões, Moisés teve que responder às murmurações e as incredulidades dos israelitas com argumentos válidos e decisões persuasivas. Mais importante ainda, ele foi especialmente perito em comunicar-se com Deus. Considere a exposição do autor da conclusão de Deuteronômio "Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o SENHOR houvesse tratado face a face" (Dt 34.10). Um homem de oração é a exigência básica para a liderança cristã.


E. Análise e discernimento: É a habilidade de alcançar conclusões idôneas baseadas na evidência. Moisés julgou corretamente a criação do bezerro de ouro, e a sua adoração, como repúdio a Deus. De alguma forma, Arão não demonstrou a habilidade para analisar o pedido da liderança israelita. Sua análise foi tristemente prejudicada pela falta de discernimento, de tal forma, que coincidiu com os desejos deles sem qualquer reação negativa (Ex 32.1-6). Como um líder deficiente, Arão trouxe destruição à nação. O resultado foi o caos espiritual, e milhares morreram como conseqüência.


F. Realização: É a quantidade e a qualidade de trabalho produzido através do uso efetivo do tempo. Mais uma vez Moisés se sobressai nessa categoria. Foi ele que, não somente liderou o povo para fora do Egito, mas também, deu a Lei, o tabernáculo e as cerimônias pelas quais Israel tinha que se aproximar de Deus e conhecer a sua vontade.


G. Flexibilidade: É a habilidade de adaptar-se a mudanças e de ajustar-­se ao inesperado. De um príncipe honrado na corte do faraó, a um pastor insignificante no Sinai, até um porta-voz de Deus e líder de uma nação, Moisés demonstrou tremenda adaptabilidade. Sua humildade ímpar o fez verdadeiramente maleável nas curvas e travessas do caminho que Deus colocara perante ele.


H. Objetividade: É a habilidade para controlar sentimentos pessoais, uma mente aberta. A reação de Moisés, à sugestão de Deus que ele haveria de destruir Israel da face da terra e fazer de Moisés uma grande nação, demonstra como este era destituído de sentimentos pessoais e de ambições orgulhosas (Ex 32.11-13). Uma breve reflexão mostrará que cada uma dessas oito características foram refletidas na liderança de Moisés.


Um estudo supervisionado pelo Fuller School of World Mission em Pasadena, na Califórnia avaliou 900 líderes de igrejas do passado e do presente, na esperança de descobrir quais os comportamentos básicos que melhor podiam explicar sua eficiência. A primeira convicção desses líderes afirma que eles acreditam que a autoridade espiritual é um princípio básico do poder espiritual. Já que o impacto de uma vida flui do poder espiritual de um homem, é necessário esclarecer que aqueles que têm melhor servido a Deus são aqueles que têm vivido em relacionamento mais íntimo com ele. Moisés alimentou sua intimidade com Deus através da oração, da comunhão e da obediência.


Sabemos muito pouco sobre a mãe de Moisés para tecermos comentários sobre o seu impacto na vida do filho. Podemos ter. certeza, porém, que sua criatividade, livrando a vida de seu filho (Ex. 2.3,4), e a coragem que ela demonstrou aceitando a responsabilidade de criá-lo para a princesa egípcia, foram fatores primordiais na formação do caráter de Moisés. Será que podemos justificar a criação de um paralelo entre a mãe de Moisés e Susanna Wesley que teve um impacto no mundo através da influência que ela exerceu nos seus filhos, John e Charles Wesley, os fundadores do Metodismo do século XVIII, na Inglaterra?


Os segredos da criação dos filhos de Susanna foram resumidos da seguinte forma:
1. Ela ensinou autoridade, pela sua reverência.
2. Ela ensinou domínio, pela sua satisfação.
3. Ela ensinou sucesso, pela sua criatividade.
4. Ela ensinou sofrimento, pela sua tolerância.
5. Ela ensinou responsabilidade, pela sua regularidade.
6. Ela ensinou disciplina, pela sua bondade.
7. Ela ensinou liberdade, pela sua lealdade.
8. Ela ensinou planejamento, pela sua determinação.
9. Ela ensinou propósito, pela sua fé.
10. Ela ensinou liderança, pela sua iniciativa.

11. Ela ensinou vitória, pelo amor.
12. Ela ensinou domínio, pela sua segurança.
13. Ela ensinou liberdade, pela sua virtude.
14. Ela ensinou responsabilidade, pela sua firmeza.

15. Ela ensinou alegria, pela sua alegria.


É verdade que não podemos saber completamente como a mãe de Moisés demonstrou essas virtudes. Porém, podemos ter uma idéia de que as qualidades que o escolhido de Deus apresentara durante os quarenta anos de exaustivos desafios e tribulações, foram instiladas por um tipo de retaguarda que ele e os Wesleys receberam. Os primeiros sete anos de vida de uma criança são os mais cruciais na formação da sua personalidade.



Será que as mães estão instilando qualidades de caráter bíblico em suas crianças? Qual a influência que a televisão e os filmes têm em nossos jovens? Será que eles estão sendo moldados para o serviço de Deus, líderes que guiarão a Igreja e as organizações cristãs para o próximo milênio de forma bem-sucedida?




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