[500 Anos da Reforma]
Por Martinho Lutero
Por Martinho Lutero
Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”. [Romanos 1.17]
Quando eu era monge, não consegui coisa alguma por meio de jejum e oração. Isso porque nem eu nem qualquer outro monge reconhecíamos o nosso pecado e a nossa falta de reverência a Deus. Nós não entendíamos o pecado original nem percebíamos que a incredulidade também é pecado. Acreditávamos e ensinávamos que, não importa o que as pessoas façam, elas nunca podem estar certas da bondade e da misericórdia de Deus. Como resultado, quanto mais eu corria atrás de Cristo e o procurava, mais ele se esquivava de mim.
Assim que compreendi que era apenas por intermédio da graça de Deus que eu seria iluminado e receberia vida eterna, trabalhei com empenho para entender o que Paulo diz em Romanos 1.17 – uma justiça que vem de Deus é revelada no evangelho. Procurei por muito tempo e tentei por várias vezes entendê-la. Mas as palavras em latim para “a justiça que vem de Deus” eram um obstáculo para mim. A justiça de Deus geralmente é definida como a característica pela qual ele é impecável e condena o pecador. Todos os mestres, com exceção de Agostinho, interpretavam a justiça de Deus como a ira de Deus. Assim, todas as vezes que eu lia essa passagem, eu desejava que Deus nunca tivesse revelado o evangelho. Quem poderia amar um Deus irado que nos julga e condena?
Por fim, com a ajuda do Espírito Santo, olhei mais cuidadosamente para o que o profeta Habacuque disse: “O justo viverá pela sua fé” (Hc 2.4, ARA). Desse trecho, concluí que a vida deve vir da fé. Portanto, levei o nível abstrato para o nível concreto, como costumamos dizer na escola. Relacionei o conceito de justiça a uma pessoa que se torna justa. Em outras palavras, uma pessoa torna-se justa por meio da fé. Isso abriu toda a Bíblia – até o próprio céu – para mim!
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