Imposição religiosa causa revolta em alunos de colégio estadual

Alunos do Colégio Regente Feijó realizaram denúncia junto ao Núcleo Regional de Educação afirmando que a instituição promoveu uma série de atividades com cunho religioso

Um grupo de alunos do Colégio Estadual Regente Feijó encaminhou ao Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa uma denúncia de imposição religiosa por parte da instituição de ensino. Eles relatam que foi realizado um ciclo de palestras no colégio que, em tese, teria caráter pedagógico, mas que, na prática, acabou tendo cunho religioso e, no qual, apenas o catolicismo. 

“Foram quase três horas de palestra e tudo sobre a ótica cristã. Não houve representação de outras religiões”, afirmou Mustafa Jean Muksen, que gravou um vídeo do seminário 
(http://www.youtube.com/watch?v=I7q6teSxE_Ihttp://www.youtube.com/watch?v=LhF00F1t05s). 

“Percebendo que a tal atividade feria a laicidade do Estado Brasileiro fiz por bem em registrar por meio de gravação em vídeo o decorrer do evento. Como se já não fosse o suficiente, o palestrante, num claro exemplo de discriminação por gênero, enfatizou sua postura sobre as mulheres”, assinalou Muksen. “A mulherada está perdendo seu valor. Tem menina com 12, 13 anos que já beijou muito. Por que as mulheres querem se igualar aos homens, se o homem tem direito a pegar menina por que eu não posso ficar com quem eu quero? Não, não é assim gente”, disse o palestrante, que segundo os alunos, não foi apresentado, em um dos trechos do vídeo.

No documento encaminhado ao Núcleo de Educação, os estudantes afirmam que foram obrigados a ficar nas palestras, mesmo sentindo-se profundamente incomodados, sob pena de receberem faltas. Os seminários aconteceram entre a semana passada e esta e foram apresentadas aos alunos como a ‘Semana do Secretariado’. “Se sucederam uma série atividades de cunho explicitamente religioso, vinculados à fé católica, tomando tais atividades à maioria absoluta do tempo, seguindo-se apresentações teatrais, inúmeras orações, preces e clamores. É importante destacar que a instituição não possui qualquer vínculo com nenhuma instituição religiosa, incluindo a Igreja Católica”, destacou Muksen, ao dizer que outras religiões não foram contempladas durante a chamada ‘Semana do Secretariado’.

“Entendo que a escola deve se constituir como um espaço laico que respeite a liberdade religiosa, mas não que propague um determinado credo ou constranja aqueles que não têm vínculo religioso algum”, assinala o estudante. “Eu espero que o Núcleo Regional de Educação tome providências e oriente a direção do colégio a não envolver mais religião nas semanas pedagógicas, entretanto, acredito que possa ter uma Semana da Diversidade, onde haja uma pluralidade de credos”, frisa, ao emendar. “Se fosse apenas uma palestra, eu não reclamaria, mas foram todos os dias”.

Outro lado

Núcleo investiga denúncias dos estudantes

O Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa comunicou à reportagem do Jornal da Manhã que recebeu a denúncia e está tomando às providências para verificar a informação e esclarecer a situação. Já, a diretora-auxiliar do Colégio Estadual Regente Feijó, Cleozi Santos, informou que a instituição ainda não foi notificada pelo Núcleo com relação à denúncia e disse que, como as palestras aconteceram em um turno que ela não está no colégio, preferia não se posicionar. O diretor do Regente Feijó, Claiton Antônio Bentivenha, não foi localizado para comentar o caso.

Fonte: JM News

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