Andrew E. Harrod
Numa palestra que deu em 5 de novembro de 2012 num sínodo da Igreja Luterana da Alemanha (Evangelische Kirche Deutschlands ou EKD), a chanceler alemã Angela Merkel recentemente provocou polêmica em toda a Alemanha.
Angela Merkel |
O fato de que Angela selecionou de forma especial o Cristianismo desagradou aos defensores dos direitos humanos, conforme notícia da agência noticiosa alemã dapd. Wenzel Michalski, diretor do Observatório dos Direitos Humanos (ODH) na Alemanha, viu o conceito de Angela como “totalmente estúpido”, considerando que toda perseguição religiosa é errada, independente da religião. Wenzel citou os muçulmanos da Birmânia e os judeus do mundo inteiro como exemplos de não cristãos que são vítimas de perseguição.
Um representante da Anistia Internacional também viu a menção de Angela ao Cristianismo como “tola”. Jerzy Montag, um parlamentar do Partido Verde (Die Grüne), de forma semelhante julgou a avaliação de Angela como “equivocada”, considerando que qualquer categorização de perseguição entre as religiões “não é de forma especial útil para combater violações de direitos humanos”.
Heiner Bielefeldt, Inspetor de Liberdade de Religião ou Convicção do Conselho de Diretos Humanos da ONU, ecoou Jerzy ao avaliar a qualificação de Angela do Cristianismo como “de forma especial não útil”. Heiner se expressou como “muito cauteloso” com relação a tais análises quantitativas. “Números de rumores ocasionais” que indicam que há uma perseguição particularmente forte de cristãos “não têm exatidão e evidências suficientes”.
Entretanto, a filial alemã da organização internacional de assistência aos cristãos perseguidos, Portas Abertas, apoiou Angela. Um porta-voz da organização mostrou suas informações de que 80% de todas as pessoas que sofrem perseguição religiosa no mundo inteiro são cristãs, uns 100 milhões de pessoas ao todo. Volker Kauder, presidente do Partido Democrático Cristão e membro do Parlamento, também viu como acurada a atitude de Angela de dar prioridade aos cristãos como vítimas de diversificada perseguição religiosa no mundo inteiro. Para Volker, o simples ato de enumerar regiões tumultuosas do mundo como Egito, Eritreia, Iraque, Nigéria e Síria justifica a declaração de Angela. Volker colocou assim ênfase especial na situação que está piorando para os cristãos em anos recentes em países muçulmanos. O trágico destino desses cristãos, é claro, merece a atenção de outros cristãos na Alemanha.
Angela também recebeu o apoio de Alexander Dobrindt, o colega parlamentar de Volker e secretário-geral da União Social Cristã da Bavária, o partido regional que é irmão do partido nacional União Democrática Cristã. Alexander assim criticou de forma especial os membros do Partido Verde, declarando que a ênfase de Angela nos cristãos não estava de acordo com a “cosmovisão multiculturalista do Partido Verde” em que todas as culturas têm normas fundamentalmente iguais. Para Alexander, os membros do Partido Verde têm mau gosto ao quererem a celebração de feriados islâmicos na Alemanha, mas não quererem dar um centímetro de apoio à proteção dos cristãos no mundo inteiro.
As análises sobre perseguição religiosa no mundo inteiro indicam que Alexander está certo em rejeitar tais equivalências culturais. A classificação feita pela filial alemã de Portas Abertas dos 50 governos no mundo que cometem mais opressão religiosa, por exemplo, enumera quase que exclusivamente nações de maioria muçulmana como a Arábia Saudita e o Irã ou governos marxistas como China e Coreia do Norte. Muitos desses mesmos nomes aparecem regularmente entre os 17 Países de Particular Preocupação citados pela Comissão de Liberdade Religiosa dos EUA por sua repressão. Portanto, os dois maiores inimigos mundiais da liberdade religiosa em geral e do Cristianismo em particular são vários seguidores de Maomé e Marx.
Preocupações políticas práticas exigem que os líderes sempre considerem sensibilidades diplomáticas, mas Alexander, Volker e outros estão certos quando querem que tal sensibilidade não venha à custa da verdade tão necessária para a formação de políticas adequadas. Tal verdade requer, entre outras coisas, mencionar os nomes exatos das vítimas e perpetradores. Numa época em que ideias politicamente corretas estão dominando quase que o mundo inteiro, Angela Merkel, que é filha de um pastor luterano, merece elogio por sua reconfortante honestidade.
Andrew E. Harrod é pesquisador e escritor free-lance e tem um doutorado pela Faculdade de Direito e Diplomacia Fletcher e o título de advocacia pela Faculdade de Direito da Universidade George Washington.
Traduzido por Julio Severo do artigo do Family Security Matters:Angela Merkel Calls Christianity the ‘World’s Most Persecuted Faith’
Fonte: www.juliosevero.com
Via:http://www.cbn.org.br/
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