quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O papel da Igreja e a política

A MISSÃO DA IGREJA É PREGAR O EVANGELHO



João Cruzué

Quero deixar registrado com bastante clareza, aqui, minha opinião sobre o papel da Igreja e de seus pastores na política da nação brasileira. Blogueiro evangélico desde 2005, e cristão servo do Senhor Jesus Cristo desde os 19 anos, sou compelido a posicionar-me de forma clara, de acordo com o conhecimento da vontade do Senhor que adquiri neste quase 40 anos. Se o interesse exagerado da Igreja Evangélica brasileira e de seus pastores não for criticado, comentado, reprovado, combatido, ele só vai aumentar!

É certo que sem a Política, o Estado não vai destinar com eficiência e equidade os recursos dos tributos que pagamos. A Política, para mim, é a arte de conversar com o propósito de conhecer os problemas da nação e levar recursos para onde há maior carência. Por exemplo: estamos praticamente em 2014 e a transposição do Rio São Francisco ainda não foi concluída. Por outro lado, fala-se abertamente na licitação do trem bala, entre São Paulo - Rio de Janeiro, a um custo de 50 bilhões de reais. Nos meios políticos, o feeling é que a primeira obra está atrasada e precisa ser concluída, enquanto que não é hora de licitar a obra do trem bala.

Quanto a Igreja, O Senhor Jesus não a edificou para outro propósito senão para ser uma casa de oração para todos os povos. Uma instituição divina e mística para cuidar da vida espiritual das pessoas. A Igreja é a porta e o caminho de reino totalmente distinto do mundo social. Dessa forma, representação política e Igreja são coisas bem distintas. Na Igreja, a autoridade maior é o SENHOR JESUS. Na política, a autoridade maior pode ser qualquer cidadão/cidadã. Mas, em nenhuma passagem do Novo Testamento, seja pelas palavras do SENHOR, ou de Paulo, João, Pedro ou Tiago está escrito que a missão da Igreja é fazer política. A César o que é de César e a DEUS o que é de DEUS.

"Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16:15) - é esta a missão da Igreja.

O abandono do arado. É esta, a imagem que vejo quando percebo a preocupação das grandes denominações evangélicas, através de seus líderes, em participar ativamente de projetos políticos, aspirando posições e cargos de poder temporal. Isto não é bom. Isto é condenável. Um pastor que recebeu a convocação do SENHOR, a unção ministerial para cuidar do rebanho do SENHOR, quando larga tudo isso para ser um Vereador, um Deputado, Senador, Governador, ou até mesmo um Presidente, está trocando o sagrado pelo profano. Está jogando no lixo o dom do SENHOR.

Não importa se esse pastor, bispo, evangelista, apóstolo seja quem for: trocou a chamada para cuidar do rebanho do SENHOR por uma cadeira de representação política, sinto muito. É sim, um profeta velho e um homem desviado.

Um erro de estratégia. Uma falta de paciência. Se as denominações evangélicas estivessem trabalhando prioritariamente em projetos de evangelização nos últimos 20 anos, a metade do Brasil já seria do Senhor Jesus. Isto por si só, evitaria a grande perda de tempo (e ministérios pastorais) em projetos políticos, porque se o povo de uma nação se converter ao Senhor, seus políticos serão homens com temor de DEUS.

O que a Igreja tem ganhado com a participação direta de seus pastores nas casas legislativas brasileiras? Meu comentário: pode até ter colocado muitos pastores no poder, pode a bancada evangélica até ter chegado a 20%. Todavia, a um custo muito alto: a sua credibilidade. Hoje, diante dos olhos da nação, qual tem sido a imagem, por exemplo: de Bisbo Macedo, de um Marco Feliciano, de um Valdemiro Santiago, R. R. Soares, Silas Malafaia...

Decididamente a de homens de negócios! Têm fama, mas não têm credibilidade perante o povo. Têm poder, mas o sucesso que eles têm não é sinônimo de inerrância. Poder temporal e fortuna são coisas que destoam do perfil do CRISTO e, se destoam, devo tomar cuidado com a voz dos falsos profetas.

Lugar de Pastor evangélico não é na política, mas cuidando da sua missão espiritual: Orando, evangelizando, pastoreando, consolando, aconselhando, repreendendo, ajudando a levantar, a perdoar... Deixar o espiritual pelo material é loucura.

O crente deve ficar afastado da política? Note bem: até agora estava criticando a postura de LIDERANÇAS EVANGÉLICAS que têm exagerado em projetos políticos. Quanto aos crentes que não têm chamada pastoral, nem unção ministerial para o trabalho do SENHOR, ao meu ver, estão livres para ser: médicos, políticos, cantores, esportistas, militares, juízes, advogados, ministros, deputados, governadores, senadores e até presidentes. Cada um ore e aja sempre de acordo com o propósito de Deus para si.

O papel da Igreja não é separar seus pastores mais populares para serem candidatos a cargos eletivos, porque eles têm compromisso com Aquele que os separou. Se a Igreja fizer isto, estará pisando nos dons ministériais de seus líderes, e Deus não vai deixar isto impune.

O papel da Igreja Evangélica é pregar o Evangelho da salvação ao pobre para que ele encontre o caminho da prosperidade; ao enfermo para que ele receba a cura; ao oprimido pelo diabo para que ele seja liberto; ao corrupto para que ele deixe de roubar o sustento do pobre, a correção da aposentadoria da viúva, o sustento dos velhinhos, o pão da criança desamparada.

O papel da Igreja é condenar a corrupção, e não caminhar ao lado dos corruptos. O papel da Igreja é preparar seus jovens para apregoar o ano aceitável do Senhor Jesus, em lugar recrutá-los para distribuir "santinhos" na porta dos templos.

O papel da Igreja não trazer candidatos ao púlpito, mas ensinar os novos convertidos o som da voz do Espírito Santo, para que possam discernir de pronto se é o santo ou o profano que está falando.

Com tantas almas perdidas na miséria e no pecado, a Igreja está precisando de mais Pastores, mais Bispos, mais Apóstolos para enviar ao campo em lugar de mandá-los para ser políticos em Brasília. Mais juízo e menos vaidade.

Por outro lado, é também o papel da Igreja levar, por meio da Palavra de Deus, homens e mulheres a possuir o temor de Deus, para que sejam aptos a toda a boa obra, inclusive, servir à nação em qualquer cargo ou função da carreira pública, porque se isto não for feito, a corrupção continuará apodrecendo a política e roubando o futuro de milhões de brasileiros.

Crente na política e Pastor na Igreja!

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