quarta-feira, 16 de abril de 2014

Estamos preparados para servir com a disposição de sermos esquecidos?

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Um colaborador da Portas Abertas escreveu o texto a seguir: "Eu estava sentado em um banco chinês ao lado do Rio Tumen. Ao fundo, podia ver as montanhas que eles veem todos os dias. Podia ver as casas dos norte-coreanos. Podia até vê-los caminhar. Apenas a algumas centenas de metros, estava o país onde viviam meus irmãos e irmãs..."

“Levaria apenas um minuto para correr para a água e apenas algumas fortes braçadas para atravessá-la e estar com eles. Se não fosse por uma cerca de arame farpado de dois metros de altura e mil quilômetros de extensão em frente a mim. É isso.
Eu não podia nem mesmo visitar qualquer casa de forma segura, estando deste  lado do rio. Para proteger as pessoas para quem trabalho, eu tinha de permanecer longe delas. Achava isso difícil. Certa vez, estava em uma reunião de equipe e iniciamos com um breve devocional. Às vezes, as perguntas falam mais conosco do que as respostas. Um de meus colegas, em dado momento, perguntou: ‘Você está preparado para trabalhar com a disposição de ser esquecido?’.   
Certamente, eu não sou um exemplo de alguém que serve sem a necessidade de reconhecimento. Mas conheço pessoas, cujo ministério nós apoiamos, que servem sem reconhecimento. Deixe-me apresentar Eun-sook*, uma senhora idosa que vive na China. Um dia, ela encontrou sua sobrinha norte-coreana Mi-young* à sua porta. Ela tinha fugido de seu país, deixando para trás sua filha adolescente. Ela se casou, foi abusada e deu à luz mais filhos; filhos que ela não conseguia amar.
Até que Eun-sook começasse a passar mais tempo com ela. Aos poucos, o calor da presença de Jesus naquelas reuniões começou a derreter seu coração congelado e frágil. Finalmente, ela pôde amar seu marido chinês e seus filhos. 
Certo dia, Mi-young estava na casa de Eun-sook para comunhão e estudo da Bíblia. Durante esse período, a polícia invadiu a casa. Ambas as senhoras foram levadas para a delegacia e interrogadas separadamente. Perguntaram a Eun-sook:
– ‘Você sabe o que faremos a esta norte-coreana de quem você cuida?’.
Eun-sook balançou a cabeça.
– ‘Vocês a mandarão de volta para a Coreia do Norte’.
– ‘E você sabe o que eles farão a ela em seu país?’.
– ‘Eles a executarão’.
– ‘É melhor você nos dar mais informação’.
Eun-sook clamou: ‘Não, não! Por favor, não a mandem de volta. Mandem-me em seu lugar! Deixe que me matem! Mi-young tem filhos e uma família! Por favor, deixem-na ir!’.
Os oficiais não deram ouvidos ao seu apelo. Em vez disso, mandaram Mi-young de volta para a Coreia do Norte. É bem provável que ela não tenha sido executada, mas enviada para um campo de trabalhos forçados.
A despeito das dificuldades e da culpa, Eun-sook continua a servir ao Senhor. Ela nunca receberá recompensa nesta vida. Como você pode não ser desafiado por sua fé e confiança? Ao estar na fronteira entre a China e a Coreia do Norte, não podia deixar de pensar na cena final do filme ‘A Lista de Schindler’. Após salvar 1.100 judeus, Oskar Schindler recebe um anel de ouro. Ele desaba. ‘Eu poderia ter feito mais! Eu poderia ter salvo mais uma vida!’. Então, seu leal assistente, Itzhak Stern, lhe diz: ‘Olhe em volta. Haverá gerações por causa do que você fez’.
E, às vezes, eu sinto o mesmo: será que eu, ou nós como parte do ministério Portas Abertas, temos feito tudo o que podemos para salvar mais uma alma? Devo me apegar às palavras de Itzhak Stern: por causa do que fazemos e, a despeito de quão pequeno parece, haverá gerações de cristãos. É isso que Deus nos promete em sua Palavra e é isso que os cristãos norte-coreanos nos dizem. Nossos parceiros deveriam saber disso. Graças a eles, haverá gerações de cristãos, desde que estejamos preparados para servir com a disposição de sermos esquecidos.”
*Nomes alterados por motivos de segurança
Conheça mais do trabalho da Portas Abertas e envolva-se  no serviço aos cristãos perseguidos.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoGetúlio A. Cidade
Via: http://www.portasabertas.org.br/

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