Era uma vez uma árvore, no meio de uma floresta.
Ela era uma árvore muito pequena, de galhos muito frágeis, mas sonhava ser grande e dar muitos frutos.
O tempo foi passando, seu caule engrossou e suas folhas se multiplicaram.
Um belo dia, ela perguntou à sua mãe quando é que os frutos viriam.
-Oh! Meu amor! Não somos árvores frutíferas. Somos só assim mesmo...
E a árvore chorou, porque não tinha nada pra oferecer.
Via as pessoas apanharem frutas de suas companheiras, e até folhas medicinais, enquanto ela vivia ali, parada, inútil.
Até que ficou tão triste que teve vontade de morrer.
Suas folhas, então, foram murchando.
Seus galhos começaram a secar.
Ela foi ficando cada vez mais curvada, seca, e, no silêncio de sua dor, ouviu um pássaro piar:
-Por favor, Dona Árvore! Não faça isto. Minha esposa está chocando nossos filhotes, aqui neste seu galho. Se ele cair, que será de nós?
Espantada, ela começou a prestar atenção em si mesma.
E passou a reparar quantos seres moravam nela.
Tinha uma família de micos-leões.
E mais uma casinha de João-de-barro.
E mais uns besouros.
Uma orquídea em botão, presa ao seu tronco, sussurrou:
-Espere um pouco mais, para ver a surpresa que vou lhe fazer!
Então ela viu as abelhas que se tinham alojado num vão entre suas raízes, onde fabricavam mel saboroso.
E viu uma família de pessoas almoçando à sua sombra.
E só então ela conseguiu ouvir a voz de Deus em seu coração, dizendo:
-Nem todas as árvores têm frutos para dar. Porém alguma, como você, pode ter muito mais a oferecer...
A árvore, com aquele pensamento, recuperou a vontade de viver, ficando saudável em poucos dias.
Assim, ela pôde festejar quando os passarinhos nasceram, e a orquídea logo se abriu.
Muitas gerações de crianças já construíram casas e balanços em seus galhos firmes e fortes.
Esta é uma de suas grandes alegrias!
E até hoje ela está lá, dando cada vez mais sombra, sustentando cada vez mais vidas, feliz por ter encontrado sua verdadeira razão de viver.
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