sábado, 15 de fevereiro de 2014

Ordem Batista reconhece ministério pastoral feminino e consagra primeira pastora



Luciana Pessanha Lacerda dos Santos, 44 anos, é a primeira mulher a ser reconhecida como pastora pela Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), entidade ligada à Convenção Batista Brasileira (CBB).

A pastora Luciana é professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG), e há 20 anos desenvolve o ministério pastoral sem o título, anonimamente. “A legalização é uma quebra de paradigmas muito importante para as mulheres que têm um chamado, porque essa decisão torna as coisas mais fáceis”, comenta.

A ordenação feminina ao ministério pastoral é um assunto complexo e repleto de tabus no meio evangélico. No início de janeiro, a colunista deste portal Raquel Elana publicou uma entrevista com o pastor Gilberto Nascimento, um dos mais influentes líderes da CBB, e contrário ao ministério pastoral feminino. Na ocasião, Nascimento afirmou que era “contra” por não ver “nenhum respaldo bíblico ou ortodoxo em relação a ordenação feminina”.

No entanto, de acordo com Sócrates Oliveira de Souza, diretor executivo da CBB, as igrejas batistas têm tradição de quebrar paradigmas e mudar conceitos. “Ainda nos anos 1970, a aceitação na Igreja Batista de divorciados influenciou outras igrejas evangélicas a fazer o mesmo”, afirmou Souza, em entrevista ao Diário da Manhã.

Para a primeira pastora batista reconhecida pela OPBB, a razão de ainda existir esse paradigma tem origem cultural: “Nós temos uma cultura muito machista ainda, mas isso tem melhorado”, resume a pastora Luciana.

Os que defendem a ordenação de mulheres ao ministério pastoral baseiam seus argumentos na carta de Paulo aos Gálatas, quando o apóstolo diz que “não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea, porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.

Maria Sebastiana Francisca da Silva, 61, teóloga e diretora executiva da União Feminina Missionária Batista Goiana, diz que, contudo, a ordenação da pastora Luciana não deve ser encarada como vitória numa guerra de gêneros: “Entendo que se Deus chama para fazermos o trabalho d’Ele, não importa se você é homem ou mulher importa obedecer ao chamado”.


Por Tiago Chagas, para o Gospel+

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