O nome Esmirna (do grego Smúrna) significa mirra. É um nome bem apropriado para uma Igreja que experimentou amargura da perseguição durante muito tempo.
A mirra é uma substancia obtida através do esmagamento de uma planta, cujo sabor era amargo, assim como o sofrimento reservado aqueles crentes, que foram dilacerados por muitas perseguições. Contudo, o aroma exalado pela mirra é doce, assim como o cheiro suave emanado pelos fieis diante de Deus.
Características:
Era uma das cidades mais ricas e prosperas da Ásia Menor, ficava a 40 km do norte de Éfeso. Seu apelido: porto da Ásia lhe foi dado por ser uma excelente baía no mar Egeu. Ela disputava com Pérgamo e Éfeso o título de primeira cidade da Ásia. A riqueza de Esmirna se deu pelo fato de estar muito ligada a Roma, tendo se tornado sua fiel aliada. Chegou mesmo a ter um templo em honra à deusa de Roma. A cidade também tornou – se um centro de culto ao imperador, ou seja, todos que ali habitavam eram obrigados a adorar o César romano, o que causou muitos problemas para os cristãos da região. Quanto à historia do surgimento dessa Igreja, não há precisão de quando tenha acontecido, porém, estudioso supõem que tenha sido em uma das viagens missionárias do apostolo Paulo.
Outro ponto a destacar é que, da cidade de Esmirna, surgiu a fábula de Dionísio, dinvidade conhecida, pelos romanos, com o nome de Baco e cuja adoração era centralizada em torno da produção e do uso do vinho. O culto a Dionísio se caraterizava por orgias, danças selvagens e loucuras de todo tipo. Ele era considerado filho de Zeus com a humana Semele, tornando – se uma figura de homem – deus. De acordo com esse mito, ele teria sido assassinado e, depois, ressuscitado.
Naquele cidade, os jogos olímpicos eram realizados em um dos maiores anfiteatros da Ásia, do qual ainda hoje existem ruínas. O nome agora, não é mais Esmirna, mas algo bem parecido: chama – se Izmir, sendo uma das maiores capitais da Turquia, com quase meio milhão de habitantes.
Elogio:
Além de elogios, percebemos que o Senhor concede uma palavra de encorajamento para a Igreja de Esmirna, reconhecendo sua tribulação e sua luta, e incentivando a perseverar sem temer os sofrimentos vindouros. A própria forma como o Senhor se apresentar à Igreja é prova disso: Ele é “o que esteve morto e tornou a viver”, ou seja, os crentes de Esminar não deveriam temer o martírio, mas sim olhar para o autor e consumador da fé, o qual, pela alegria que estava colocada diante dEle suportou a cruz. Assim como Ele morreu, mas ressuscitou, da mesma forma a morte não prevaleceria sobre os que seriam martirizados, portanto, a esperança da ressurreição deveria permanecer viva no coração daqueles crentes.
Outra observação que podemos fazer em relação a esse “cartão de visita” do Senhor (o que esteve morto e tornou a viver) é que, embora a cidade cultuasse Dionísio, o semi – deus supostamente morto e ressuscitado, e o imperador romano, considerado divindade, unicamente Jesus tem o direito de aplicar tal declaração à Sua pessoa (João 11:25; Mateus 26:61; Atos 2:24).
Na época em que a carta foi escrita, Roma era governador pelo imperador Domiciano, o primeiro a assumir honras divinas durante a vida terrena, diferentemente dos seus predecessores, os quais, apenas após a morte, ganhavam certo grau de divindade. Ele era o irmão mais jovem de Tito, o responsável pela queda e destruição de Jerusalém em 70 d.C. é colocado no mesmo patamar de Nero, como sistemático perseguidor de Igreja.
Jesus conhecia as perseguições sofridas pela Igreja de Esmirna (“Conheço a tua tribulação” – v.9) diante das pressões do império romano que, como já vimos, exercia um governo muito forte naquele lugar devido às alianças firmadas.
Em relação à pobreza “Conheço...a tua pobreza (mas é rico – v.9)”, ela se refere uma causa comum naquele região, uma vez que as terras dos crentes eram confiscadas, destruídas pelo império romano, e seus proprietário eram encarcerados. Isso, com certeza, agravou o quadro de sobrevivência daquelas e garantir o alimento do dia a dia. Aquele era uma pobreza consequente da perseguição. Porém, a riqueza espiritual deveria ser motivo de grande conforto e, até mesmo, alegria para crentes. O tesouro deles estava com o Senhor; eles poderiam ter negado o nome de Cristo e, assim, teriam preservados os seus bens, mas sabiam que a coisa mais valiosa que possuíam era sua salvação (Mateus 6:19 – 21; Provérbios 15:16).
A blasfêmia, a respeito da qual o texto se refere, provavelmente, e é negação da fé em jesus como Senhor, Salvador e Messias; fé que muitos judeus de Esmirna não abraçaram, tornando – se inimigos do evangelho (consequentemente dos crentes) e aliados dos perseguidores romanos. Jesus, ao citar essa blasfêmia reconhece a atmosfera adversa, não apenas social e política, mas espiritual com a qual os fieis da Esmina tinham que lidar. Isso nos lembra de Ló que, embora fraco na fé, sofria por causa da pecaminosidade de Sodoma e Gomorra, sendo afligido em sua alma (2 Pedro 2:6 – 8). Essa atitude dos judeus, que rejeitavam a pregação apostólica, era uma constante em todas as localidades as quais o apóstolo Paulo visitava em suas viagens missionárias: os que não reconheciam em Jesus, o Mestre prometido nas Sagradas Escrituras, tornavam – se inimigos acirrados dos crentes, assim como Esmirna. O apóstolo Paulo, certa vez, falou sobre essa recusa dos judeus em relação a Cristo: “Porque nem todos os que são de Israel são israelitas” (Romano 9:6). É tão triste pensar que aqueles que, por vocação, tradição, descendência, deveriam ser os primeiros receptores e acolhedores da mensagem evangélica, chegaram ao ponto de serem chamados sinagoga de Satanás! Mas essa é a realidade do mundo espiritual, de acordo com as palavras do próprio Mestre que declarou: “Quem não é comigo é contra mim” (Mateus 12:30).
Admoestação
No aviso de Jesus está a ênfase de que mais perseguições continuariam a ocorrer aquela Igreja, portanto era necessário que os crentes estivessem atentos para que não ficassem intimidados. Mais uma vez vemos o cuidado do Senhor com a Sua Igreja no sentido de não prometer um livramento, o que seria contraditório em vista de tantas advertência que deu aos seus discípulos (João 15:18; 16:1 – 4; Marcos 10:29,30), mas de preparar e encorajar Seus servos para enfrentarem tais momentos, pois eles não seriam poupados de sofrimentos. Contudo, o Senhor zelava para que não se deixassem dominar pelo medo, pelas ameaças, o que seria compreensível dadas as circunstância, embora fosse comum, para aqueles crentes, o sofrer perseguições. Havia, ate mesmo, quem procurasse o martírio, tamanho era o privilégio para eles morrer por Cristo. Todavia, infelizmente, alguns casos de deserção aconteciam.
As prisões eram feitas com certa frequência. Os crentes acusados de traição por se negarem a prestar culto ao imperador, passariam por provas como, por exemplo, açoites, escárnios, espancamentos, à mercê de animais ferozes. Essas eram as aflições importas aqueles que se comprometiam com Cristo.
O diabo é apresentado como o principal responsável pelas perseguições, o que não absolve os agentes humanos envolvidos nestes fatos, mas demonstra que, na verdade, a nossa guerra não é contra carne ou sangue e nem contra o governos, pelos quais somos exortados a interceder (1 Timóteo 2:4,5), mas sim, contra principados e potestades que se opõem à Igreja do Senhor e à sua missão.
O mais ilustre mártir da Igreja de Esmirna foi, sem dúvida, Policarp (69 d.C. - 159 d.C.). ele foi discípulo do apostolo João e bispo dessa Igreja. O historiador eclesiástico Eusébio narra o martírio de Policarp com riqueza de detalhes, nos informamos até a respeito das palavras proferidas por ele quando desafiado a negar sua fé: “Por oitenta e seis anos tenho sido servo de Cristo, e Ele nunca me fez mal algum, como posso blasfemar de meu Rei, que me salvou?” a respeito da morte de Policarp, o que se tem conhecimento é que ele seria entregue às feras, porém, não tendo demonstrado qualquer sinal de temor, resolveram fazer uma fogueira para queimá – lo, contudo, o fogo não teria atingido Policarp, fazendo um circulo em volta do seu corpo. Diante disso, o seu carrasco resolveu acertá – ló com o golpe de uma adaga. O seu martírio aconteceu na arena, onde eram realizados os jogos olímpicos.
A promessa do Senhor para aqueles que fossem fieis até a morte é o recebimento da coroa da vida, o que faz um contraste com a grinalda que os atletas e os lutares, vencedores nos esportes e nos combates, recebiam. Também, temos aqui uma alusão à famosa coroa de pórticos, situada no alto conhecida como “coroa de Esmirna”.
Destaque Doutrinario:
1 – Ressurreição de Cristo: diferentemente e outras ressurreições relatadas na Bíblia, também das três realizadas por Jesus durante Seu ministério terreno (a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e Lázaro), a de Cristo foi a primícia (1 Coríntios 15:20,23), enquanto os outros voltarem a morrer, sendo ordenado ao homem morrer uma vez para, depois disso, enfrentar o juízo divino (Hebreus 9:27), enquanto Ele ressuscitou para nunca mais voltar morrer. Jesus demonstra a Sua autoridade e o Seu poder como Filho de Deus, tendo profetizado que ressuscitaria ao terceiro dia, e cumprindo o que havia falado, fato que nenhum homem poderia faze – ló. A ressurreição de Cristo é o fundamento da nossa fé, conforme declara a Palavra dom Senhor: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé (...) E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.” (1 Coríntios 15:14,17). A nossa salvação depende, não apenas do sacrifício do Senhor Jesus na cruz, mas também, desse fato sobrenatural, o qual nos torna justos aos olhos de Deus, assim como explicado pelo apostolo Paulo: “O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação.” (Romanos 4:25).
2 – Blasfêmia: do grego “blaspheméo” – blasfêmia; falar mal; insultar; desonrar; amaldiçoar; difamar e caluniar. Descreve o ato de afrontar a soberania de Deus, a Sua santidade e, também, a dignidade do homem, sendo ele, criatura de Deus. No Antigo Testamento, a penalidade para esse pecado era o apedrejamento (Levítico 24:10 – 23). De acordo com as Sagradas Escrituras, é possível blasfemar contra o nome de Deus (Apocalipse 16:9), contra a sã doutrina (1 Timóteo 1:20; 6:1; 2 Timóteo 2:16 – 18), contra os homens (Apocalipse 2:9; Romanos 3:8), contra os anjos (Judas vv.8,9; Apocalipse 13:5,6) e contra as autoridades constituídas (2 Pedro 2:10). Jesus ensinou que o único pecado imperdoável seria uma blasfêmia, mais especificamente aquele proferida contra o Espírito Santo (Mateus 12:31,32). O apostolo Paulo faz uma advertência aos efésios (Efésios 4:31).
3 – Satanás: Do grego “satanás”, que significa “adversário”. O Antigo Testamento possui poucas referencias a esse ser espiritual. Encontramo – nos em Gênesis, tentando o primeiro casal (3:1 – 5, 14,15); no livro de Jó, ele se apresenta diante de Deus pedindo permissão para tentar o patriarca (Jó 2:1 – 7); no livro do profeta Zacarias, acusando o Sumo Sacerdote Josué (Zacarias 3:1 – 4); em 1 Crônicas 21:1, ele incita Davi a pecar contra Deus realizando o censo do povo. Temos referencia a ele no livro do profeta Ezequiel, no qual é apresentado como um queribim, outrara envolvido na adoração a Deus (28:11 – 19). Em todas as passagens em que é citado, ele aparece como inimigo de Deus, de Seus propósitos e dos homens. Trata – se de um anjo, se deixou inflamar pelo orgulho, desejo de ser Deus e de receber adoração que somente ao Senhor pertence (Isaías 14:12 – 14). Com sua rebeldia, ele aliciou um terço dos anjos, conforme esta escrito em Apocalipse 12:4.
Novo Testamento, temos inúmeras citações a esse personagem, sempre apresentado como um ser angelical rebelde, destituído de sua dignidade, posição e honra que, inicialmente, lhe foram atribuídas por Deus. Jesus citou a expulsão dele do céu: “E disse – lhe: Eu vi Satanás, como raio, cair do céu.” (Lucas 10:18). Ele atua resistindo à obra de Deus (1 Tessalonicenses 2:18) e à conversão dos pecadores (2 Coríntios 4:3,4). Ele e os anjos que com ele se rebelaram são apresentados como responsáveis de enfermidades e opressões espirituais (Lucas 13:11; Atos 10:38; 16: - 18; Mateus 17:15 – 18).
Através da morte e ressurreição de Cristo, ele foi derrotado (Colossenses 1:13; 2:15; 1 João 3:8), contudo, obstinadamente persegue seu propósito de suplantar o governo de Deus. Seu destino final é o lago de fogo e enxofre onde eternamente atormentado, recebendo a justa punição por sua rebeldia (Apocalipse 20:7 – 10; Mateus 25:41).
3 – Segunda morte: com base no texto contido em Apocalipse 20:14: “E a morte e o inferno foram lançado no lago de fogo. Esta é a segunda morte.” Entende – se que a segunda morte é o estado eterno dos pecadores impenitentes e incrédulos, os quais serão lançados no lago de fogo e enxofre após a ressurreição final e o juízo grande trono branco (Apocalipse 21:11).
Na declaração do Senhor à Igreja de Esmirna (Apocalipse 2:11), está implícita a imunidade dos crentes aos sofrimentos reservados para os ímpios, conforme também é expresso pelo apostolo Paulo em 1 Tessalonicenses 1:10: “E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura,”
Esse livramento da ira divina e das consequências eternas do pecado é prometido aquele que vence, ou seja, no contexto de Esmirna, ao crente que prevalece e persevera ate o fim sem negar sua fé em face das perseguições.
Profecias Relacionadas:
1– Perseguição: do ponto de vista escatológico, esse assunto é de extrema relevância, pois as Escrituras nos informam que, nos últimos tempos, ate por causa da multiplicação da iniquidade e do afastamento do homem dos princípios morais, haverá o aumento da resistência em relação aos apelos à santidade e à pureza promovidos pela Igreja do Senhor aqui na terra. Podemos, conforme o apostolo Paulo nos alerta, nos prepara para tempos difíceis devido à pecaminosidade, cada vez mais acentuada no mundo “2 Timóteo 3:1 – 5).
“O mundo jaz no maligno” (1 João 5:19) e, desde inicio da era cristã, até o presente momento houve muitos irmãos que experimentaram o sofrimento da perseguição, mais isso foi apenas o princípio de dores comparados com o que há por vir (Marcos 13:10 – 13; Apocalipse 6:9 – 11; 13:7).
Destaque Interpretativo:
1– Coroa da vida: o simbolismo de coroa da vida (Tiago 1:12; Apocalipse 2:10) ganha sentido na medida em que vemos essa coroa não como algo material, mas como uma bem – aventurança, a participação na eternidade com o Senhor no paraíso. Algo que indica o nosso compartilhar com a realeza divina, o nosso “estar sentado com Cristo nas regiões celestiais”, e ate o nosso “reinar em vida” com o ultimo Adão (Romanos 5:17).
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