domingo, 14 de abril de 2013


AGO da CGADB: Uma eleição controversa

Os votos foram contados em 126 mesas apuradoras
Ausência do blog

Não pude publicar as notas da seção de quarta-feira, nem da eleição, ontem, em virtude de circunstâncias alheias à minha vontade. Só agora, nesta manhã de sexta-feira, dia 12 de abril, estou conseguindo acessar o blog. É do processo. Mas continuo firme na trincheira, buscando usar esta ferramenta com toda a imparcialidade possível para trazer a minha visão dos fatos àqueles que me dão a honra de ler o que escrevo. Por falar nisso, fiquei feliz por encontrar muitos pastores que fizeram questão de dizer que são leitores assíduos do blog. Isso me estimula a não abrir mão desse meio, como alternativa ao sistema oficial, para expor os meus pontos de vista livre de quaisquer amarras. Mãos à obra!


Análise da eleição I

O pastor José Wellington Bezerra da Costa foi eleito para mais um termo de quatro anos. Ao final deste mandato, serão 29 anos à frente da CGADB. Há os que concordam com essa continuidade - quase perpetuação - e há os que discordam pelos malefícios que traz à instituição. Estou no último grupo. Embora a CGADB seja constituída de pastores que, em tese, fazem parte da igreja, ela é, em si mesma, no máximo, uma instituição paraeclesiástica, sem poder algum de interferir no dia a dia das igrejas locais. Nesse sentido, a perpetuação não permite o arejamento, o surgimento de novos líderes, a oportunidade de renovar as ideias e o fortalecimento da instituição como prestadora de serviços aos seus associados. A meu ver, portanto, teremos mais do mesmo nos próximos quatro anos. Se nos últimos quatro anos, nem o Centenário saiu a contento, o fato que se destacará será a realização da Conferência Mundial Pentecostal, em São Paulo, no ano de 2016, que se realizaria de qualquer forma se o eleito fosse da chapa concorrente.


Análise da eleição II

A reeleição do pastor José Wellington é, por sua vez, controversa. Paira uma sombra que provavelmente jamais desaparecerá pela falta de interesse da Mesa Diretora em tirar o jabuti da árvore. Refiro-me às listas discrepantes, com números diferentes uma da outra, desde a extraoficial entregue ao pastor Samuel Câmara no dia 28 de dezembro de 2012 à última oficial disponibilizada no portal da CGADB. É certo que muitos nomes de inscritos não constantes nas listas pertenciam à convenções formalmente apoiantes da chapa "Amigos do Presidente". Mas a imensa maioria - cerca de 2800 - pertencia às convenções formalmente apoiantes da chapa "CGADB Para Todos". O justo era abrir a conciliação bancária dos boletos de pagamento das anuidades e inscrições, com a presença de representantes das duas chapas, para dirimir todas as dúvidas, com a arbitragem da Comissão Eleitoral, e remover qualquer suspeita de irregularidade no processo. Sem isso, a sombra permanece sobre a reeleição.


Análise da eleição III

Creio na soberania de Deus, ao mesmo tempo em que creio na responsabilidade humana. De que forma elas se complementam não é de minha alçada dar a solução. Dito isto, se o pastor José Wellington foi reeleito, não podemos excluir Deus do processo. Mesmo na chamada não-interferência, ele é soberano para assim decidir com a finalidade de alcançar algum propósito. No limitado alcance da minha visão, não compreendo que seja manter a identidade assembleiana, nem os usos e costumes. Eles já foram para o espaço há muito tempo, inclusive no âmbito do ministério do Belenzinho. É mero discurso eleitoreiro. Poucos anos atrás, o presidente da CGADB pregava contra o uso das palmas. Nesta AGO, quando se ouviu um assovio ou outro de aprovação à mensagem que estava sendo pregada, logo depois ele pediu que não se fizesse isso, mas admitiu que podiam aplaudir. Um avanço ou mera acomodação? Mas só saberemos o propósito de Deus nisso tudo ao fim dos quatros anos de mandato.


Análise da eleição IV

Por força das circunstâncias, essa eleição encerra um ciclo. A não ser que haja nova reforma no Estatuto para permitir "nova" reeleição, o pastor José Wellington terminará, ao final, o seu longo período à frente da instituição. Em 2017 ele já não poderá concorrer. Creio que teremos aí uma oportunidade ímpar de romper essa polarização e trazer o processo eleitoral para o leito da paz, da harmonia, sem a conflagração a que chegamos. Mas fica a pergunta: quem serão os candidatos? Haverá espaço para a Terceira, a Quarta ou a Quinta Via? O pastor Samuel Câmara concorrerá uma vez mais e todos virão contra ele com um único candidato? Continuaremos nesse ciclo vicioso? Não podemos deixar para pensar em cima da hora. É importante antecipar essas discussões.


Análise da eleição V

A eleição teve um dado extremamente relevante que eu reputo como uma advertência dos convencionais à nova Mesa Diretora da CGADB. Os balancetes da CGADB e da CPAD foram aprovados com apertada margem, em virtude das diversas inconsistências encontradas, entre elas a hipótese do elevado salário da apresentadora do programa Movimento Pentecostal, Carlas Ribas, que vem a ser esposa do Diretor Executivo da CPAD, Ronaldo Rodrigues de Souza. Enquanto a chapa encabeçada pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa elegeu os seus candidatos até a quarta secretaria, a chapa encabeçada pelo pastor Samuel Câmara elegeu a quinta secretaria, os dois tesoureiros e todo o Conselho Fiscal. Moral da história: o poder de lidar com as finanças, bem como de auditá-las, estará nas mãos de pessoas que não têm qualquer compromisso com o atual sistema. Espero que não sejam cooptados e tenham coragem de abrir a caixa preta para que haja transparência nessa área que até hoje permanece obscura. Por outro lado, dada a discrepância no número de votos que tiveram em relação ao número de votos do candidato a presidente da chapa "CGADB Para Todos", não poderia deixar de perguntar: Teria havido algum acordo com as respectivas convenções desses candidatos para votarem no pastor José Wellington, a fim de assegurar a sua eleição, em troca de também elegê-los? O tempo dirá.


Boca de urna

Foi permitido aos candidatos que distribuíssem propagandas nos arredores do local da AGO, o que, embora tenha amparo estatutário, vai de encontro ao código que trata das eleições seculares, que não permite esse tipo de campanha no dia da eleição. Mas a equipe da chapa "Amigos do Presidente", foi muito além dos simples panfletos e adesivos: distribuiu chaveiros, canetas e camionetas de água mineral, que estampava nos copos a propaganda do candidato. Isso foi feito de forma ostensiva, sem qualquer impedimento da Comissão Eleitoral. Se fosse numa eleição secular, sofreria processo por abuso do poder econômico.


AGO perdida

Independente do resultado eleitoral, considero essa AGO perdida. Gastamos fortunas, somados todos os recursos empregados no deslocamento dos convencionais, para não aprovarmos nada de relevante para a instituição Assembleia de Deus. Viemos à Brasília só para votar. Foram gastos dois dias - terça-feira e quarta-feira - na discussão e aprovação das balancetes da CGADB e CPAD. Nenhum outro assunto entrou em pauta, a não ser a moção de apoio a Marco Feliciano e os espaços abertos para a fala de alguns parlamentares evangélicos, além da apresentação de um vídeo sobre o projeto de evangelização na Copa do Mundo de 2014. Em suma, foi um elevado investimento para nada. É verdade que tivemos pela primeira vez bastante cobertura da mídia. Saímos até no Jornal Nacional, da Rede Globo, mas não vejo isso como avanço. Sou refratário a esse tipo de exposição, que mais serve aos interesses da emissora em busca de audiência e em sua guerra particular contra a Record.


Estou cansado

Por fim, confesso que estou cansado. Minhas forças se exaurem diante desse quadro, para mim, calamitoso em que nos encontramos. Sei que o Senhor Jesus tem compromisso com a sua igreja, não com a igreja dos homens. Mas é doloroso ver o que fazem em nome da Igreja de Cristo e posarem como "santos", quando de "santos" nem a capa têm. O que aqui se expõe não é nem 10% do que sabemos. Fico como Jeremias que, em momentos assim, reclamava com Deus por não ver a resposta do povo às suas advertências. Estou cansado, mas tenho de continuar até quando Deus quiser. Mas sinto-me cada vez mais longe desses sistemas que em nada glorificam a Deus, mas buscam os interesses de uns poucos que sobrecarregam o povo com uma mensagem opressora que nem eles mesmos suportam.

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